O webinar "Digitalização do Chão de Fábrica: como as tecnologias 4.0 estão mudando o jogo" ofereceu uma visão profunda sobre a transformação digital no ambiente industrial. Organizado por Brasil 4.0, o evento contou com a participação de Luiz Guilherme Pires, CEO, e Renata Parma, Diretora de Relacionamento da Sensio. 

Com mediação de Rodrigo Portes, especialista em vendas e transformação digital, a live reuniu um público interessado em explorar como as tecnologias emergentes estão revolucionando a produção e a gestão de estoques.

O objetivo da live foi discutir como a digitalização está remodelando os processos industriais, promovendo a eficiência e a inovação. Luiz Guilherme e Renata, com sua expertise em otimização de produção e inteligência artificial, abordaram questões cruciais sobre a aplicação das tecnologias 4.0 e seus impactos no setor. 

A importância desse conteúdo reside na necessidade crescente de adaptação às novas exigências do mercado e na busca por soluções que maximizem a produtividade e reduzam custos.

Neste artigo, você encontrará uma lista de perguntas e respostas discutidas durante o webinar, que revelam as principais tendências e desafios da Indústria 4.0. 

Prepare-se para descobrir insights e estratégias que podem transformar sua gestão industrial.

Como você vê a evolução da indústria 4.0 no Brasil ao longo dos últimos anos?

Luiz: Essa é uma pergunta muito interessante. Geralmente, falamos sobre algo novo quando já não é tão novo assim. A indústria 4.0 surgiu por volta de 2011/2012 na Alemanha, com um projeto de digitalização das fábricas. Desde então, tivemos uma evolução muito grande. No início, era um conceito teórico e as tecnologias ainda estavam em desenvolvimento. Lembro-me da primeira vez que ouvi falar sobre isso, foi na faculdade em 2014. Fiquei tão interessado que fiz meu TCC sobre o tema em 2015. Na época, era difícil encontrar informações sobre o assunto, mas foi uma experiência muito enriquecedora.

Desde então, a tecnologia amadureceu bastante. Hoje, temos muitas startups e empresas fornecendo soluções que antes eram apenas ideias. A nuvem, por exemplo, está muito mais consolidada, permitindo uma integração e implementação mais fácil e eficiente das tecnologias da indústria 4.0. Ainda temos um longo caminho a percorrer, mas a evolução tem sido rápida e promissora.

Quais os principais desafios que as indústrias enfrentam hoje na questão de estoque e como as soluções tecnológicas podem ajudá-los?

Renata: Quando falamos dos principais desafios na indústria, a gestão de estoque e a produção estão sempre em destaque. A indústria 4.0 ainda é um desafio no Brasil, pois, apesar de termos muitas soluções tecnológicas acessíveis, ainda há uma grande resistência à mudança. A indústria brasileira é bastante conservadora, mas com pequenas implementações, podemos ver grandes melhorias. O Sensio, por exemplo, oferece soluções que ajudam na gestão de estoque, integrando processos e aumentando a eficiência. As soluções tecnológicas têm o potencial de transformar a indústria, mas é necessário superar a resistência inicial e mostrar os benefícios práticos no dia a dia das operações.

Quando falamos de gestão de estoque, muitas indústrias ainda enfrentam a falta de uma base sólida. Muitas vezes, elas não possuem nem mesmo um controle básico de estoque. Esse é o principal desafio: estabelecer um controle primário para podermos, então, implementar soluções que realmente ajudem as empresas a reduzir estoques parados. Estoque parado é capital imobilizado, espaço físico limitado e a possibilidade de deixar de atender outras necessidades.

Na indústria, a gestão de materiais é complexa, por envolver várias matérias-primas e níveis de estoque. É necessário saber o tempo de entrega do fornecedor, que pode ser importado ou localizado longe, exigindo um planejamento maior para evitar faltas e garantir a continuidade da produção. Durante a pandemia, vimos isso com clareza, pois a falta de insumos impactou a produção de muitas empresas.

Hoje em dia, as indústrias enfrentam grandes desafios na gestão de estoques. A indústria 4.0 ainda é um dilema no Brasil. Apesar de haver muitas soluções tecnológicas disponíveis, a resistência à mudança ainda é grande. É um setor conservador, mas com pequenas soluções, como podemos começar a implementar melhorias?

Renata: Muitas indústrias ainda não têm uma base de dados sólida, nem um controle básico de estoque. Esse é o principal desafio: estabelecer um controle primário. 

O estoque parado representa capital imobilizado e espaço físico limitado, impedindo a utilização para outras necessidades, como maquinário. Além disso, a gestão de materiais na indústria é complexa, por envolver várias matérias-primas e níveis de estoque.

É essencial planejar as compras para não faltarem materiais e a produção não seja interrompida. Isso exige um controle rigoroso, que pode ser facilitado com a digitalização e análise de dados. Por exemplo, com informações precisas sobre o tempo de entrega dos fornecedores e a média mensal de consumo, é possível otimizar o estoque, evitando faltas e excessos.

Durante a pandemia, vimos a importância do planejamento, pois a falta de insumos impactou muitas empresas. As soluções tecnológicas permitem uma análise detalhada, ajudando na previsão de demanda e na reposição de estoque. 

Com dados precisos, é possível planejar melhor as compras e evitar problemas futuros, garantindo a continuidade da produção e o atendimento aos clientes.

Além disso, as soluções tecnológicas ajudam a tornar a análise de estoque mais acessível e disponível, permitindo que as empresas tenham um controle mais preciso e eficiente. Com isso, é possível prever demandas e trabalhar com aplicações que trazem dados importantes para a gestão de estoques. 

Essa visibilidade permite que as empresas sejam mais flexíveis e se adaptem melhor às necessidades do mercado, reduzindo custos e aumentando a produtividade.

Você poderia compartilhar algum exemplo de sucesso de uma implementação do Sensio que trouxe resultados positivos para a PCP e a logística de uma empresa?

Renata: Temos um caso muito interessante de uma empresa em Araraquara. Eles conseguiram reduzir em 30% o tempo de entrega, o que é um ganho significativo. Isso foi possível graças à previsão de demanda, que permitiu uma análise automática dos dados. Antes, eles não tinham especialistas para essa análise, mas com os dados do sistema, conseguiram identificar produtos com alta saída e preparar estoques adequadamente.

Durante um período de vendas intenso, como o carnaval, eles confiaram nas previsões do sistema e produziram mais de um produto específico, que tiveram uma alta demanda. Essa decisão foi crucial para atender aos pedidos a tempo e manter a satisfação dos clientes. 

Esses casos mostram que, com as ferramentas certas, mesmo empresas sem especialistas podem alcançar grandes resultados.

A implementação de tecnologias no chão de fábrica e a acessibilidade dessas soluções são essenciais para fazer a diferença nas indústrias. É importante selecionar a tecnologia que trará o maior impacto, considerando a realidade específica de cada empresa. 

Por exemplo, algumas indústrias têm muitos pedidos programados ou precisam lidar com uma grande variedade de matérias-primas, influenciando a escolha da tecnologia mais adequada.

Reduzir o tempo de entrega em 30% é um grande diferencial. Essa redução foi alcançada através da previsão de demanda, permitindo análises automáticas mesmo sem especialistas em PCP ou dados. 

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O sistema identificou itens com alta saída, possibilitando a preparação antecipada dos produtos e a otimização do estoque. Durante um período de vendas, como o carnaval, a empresa confiou nas previsões do sistema e produziu mais de um produto específico, o que foi crucial para atender à demanda a tempo.

No entanto, a escolha da tecnologia certa depende da realidade da empresa. A identificação dos gargalos de produção, por exemplo, pode ser feita com apontamentos automáticos e plataformas que forneçam saídas mais assertivas. 

Muitas vezes, achamos que uma determinada máquina é o gargalo, mas a análise de dados reais pode revelar outra realidade. A gestão de gargalos, quando bem feita, pode trazer ganhos significativos em pouco tempo.

A resistência interna à implementação de novas tecnologias é comum, especialmente entre os operadores de produção. A sensação de ter alguém "controlando" o trabalho pode gerar resistência. 

Além disso, os incentivos internos, como premiações baseadas no número de peças produzidas, podem não ser os melhores para a empresa, incentivando comportamentos que não favorecem a gestão eficiente de pedidos.

A análise automatizada de tempo de produção pode ajudar a superar essa resistência, proporcionando uma visão clara do que está acontecendo na fábrica. 

Com sensores e máquinas automatizadas, é possível obter uma noção apurada da produção, identificando problemas e otimizando processos. A conectividade e a análise de dados são ferramentas poderosas para entender e melhorar a produção.

Você mencionou que a principal resistência à implementação de novas tecnologias é humana. Como você vê a aplicação dessas tecnologias na área de autopeças? Quais empresas estão se destacando com essa aplicação?

Luiz: Recentemente, vimos um exemplo interessante na gestão de qualidade na cadeia de autopeças. A inspeção visual das peças é um processo intensivo e demorado. Uma aplicação promissora é o uso de visão computacional para a análise de qualidade. Câmeras de alta resolução captam imagens das peças, e algoritmos de aprendizado de máquina analisam essas imagens para identificar defeitos. Esse método está em fase de testes, mas tem o potencial de revolucionar a inspeção de qualidade, tornando-a mais eficiente e precisa.

A utilização de Machine Learning permite ensinar aos algoritmos o que constitui um defeito, usando imagens de peças defeituosas e perfeitas. Embora ainda seja um desafio implementar essa tecnologia de forma prática, ela representa um avanço significativo na gestão de qualidade.

Esses exemplos mostram como a tecnologia pode transformar a indústria, mas a resistência humana é um obstáculo a ser superado. A adoção dessas soluções depende de uma mudança de cultura e da aceitação dos benefícios que elas trazem.

A aplicação de tecnologias de Machine Learning na análise de qualidade é um avanço significativo. Captar imagens de peças boas e defeituosas e ensinar ao algoritmo o que é um defeito permite uma seleção automatizada precisa. Isso, no entanto, requer um grande volume de imagens, podendo não ser sempre viável, na prática. A captura ideal seria de milhares de imagens, mas mesmo com um número menor, os algoritmos podem aprender e melhorar suas análises.

Na indústria 4.0, além do controle de estoque, há diversas outras aplicações, como manutenção preventiva. Usar sensores para monitorar o estado das máquinas e prever falhas antes que aconteçam é uma prática já consolidada em várias empresas. A manutenção preditiva ajuda a evitar paradas não planejadas e aumenta a eficiência operacional.

Outro exemplo de aplicação é a recomendação de produtos no setor de vendas. A análise do perfil e comportamento de compra dos clientes permite oferecer produtos que atendam melhor às suas necessidades. As tecnologias de análise de dados são fundamentais para criar uma experiência personalizada e eficiente para os consumidores.

Confira outras perguntas respondidas ao longo da live!

Como você vê a aplicação dessas tecnologias na área de autopeças? Quais empresas estão se destacando com essa aplicação?


Um exemplo interessante é o uso de visão computacional para a análise de qualidade na cadeia de autopeças. Câmeras de alta resolução captam imagens das peças e algoritmos de aprendizado de máquina analisam essas imagens para identificar defeitos. Esse método, ainda em fase de testes, tem o potencial de revolucionar a inspeção de qualidade, tornando-a mais eficiente e precisa.

A principal resistência à implementação de novas tecnologias é humana. Como superar essa resistência?


A resistência humana à tecnologia geralmente vem do medo de perda de emprego. Mostrar que a tecnologia não substitui, mas melhora a eficiência é crucial. Além disso, treinamentos e uma abordagem humanizada são importantes para a aceitação. Testar novas soluções gradualmente e demonstrar benefícios claros pode ajudar a reduzir a resistência.

Como as empresas estão lidando com a proteção de dados e a privacidade dos consumidores?


A segurança de dados envolve proteger tanto os dados de produção quanto os dados dos clientes. Para os dados de clientes, estamos regidos pela LGPD. Para os dados de produção, muitas empresas ainda hesitam em usar a nuvem, embora essa possa ser mais segura do que servidores locais, desde que se escolha um bom parceiro. É importante adotar boas práticas de segurança e considerar a contratação de um Data Protection Officer (DPO).

Como a IA generativa é utilizada na Indústria 4.0?


A IA generativa continua em fase de desenvolvimento na indústria. Pode ser utilizada para criar orçamentos e gerenciar conhecimento, como sintetizar manuais de operação. É também promissora em combinação com realidade aumentada para treinamentos mais imersivos. Contudo, ainda estamos explorando a melhor forma de aplicá-la de maneira prática.

Como fazer com que os funcionários mais antigos aceitem a tecnologia?

É essencial mostrar que a tecnologia não substituirá, mas sim aumentar a eficiência. Oferecer treinamento e uma abordagem humanizada ajuda a integrar a tecnologia sem criar resistência. Envolver a liderança e ter um suporte contínuo são fundamentais para a aceitação.

Como aplicar conceitos da Indústria 4.0 em instalações que não são tipicamente produtivas, mas que dispõem de diversos sistemas semelhantes aos industriais, como sistemas de combate a incêndio, geração de energia de emergência, sistemas de bombeamento, de acionamento de adutoras e de movimentação de comportas, como os que existem em UHEs?

Para otimizar a gestão de manutenção em sistemas não produtivos, sensores de vibração e temperatura podem ser utilizados para coletar dados e realizar análises preditivas. Isso permite identificar problemas antes que se tornem críticos, mesmo em sistemas não totalmente automatizados.

Quanto tempo leva para implementar uma solução?

A implementação pode ser rápida. Em alguns casos, as empresas estiveram operacionais em três meses. A rapidez depende da disponibilidade das pessoas e da entrada correta dos dados. O sistema Sensio é intuitivo, e algumas empresas conseguem estar operacionais em um mês, embora com funcionalidades ajustadas ao longo do tempo.

Como a Indústria 4.0 pode transformar as práticas tradicionais de planejamento e controle de produção, e quais são os principais desafios e oportunidades?


A Indústria 4.0 oferece oportunidades para otimizar métodos tradicionais como MRP e previsão de demanda. A tecnologia permite previsões mais precisas incorporando dados de diversas fontes. No entanto, é crucial começar com soluções simples e estabelecer uma base sólida antes de avançar para tecnologias mais complexas.

Como o investimento em tecnologias pode envolver custos e quais são os benefícios?

Investir em tecnologia pode envolver custos iniciais, mas os benefícios a longo prazo incluem maior eficiência e redução de desperdícios. É importante avaliar o retorno sobre o investimento e considerar as soluções que trazem melhorias significativas para a empresa.

Como a tecnologia pode ajudar a otimizar o tempo de produção e a gestão de estoques?

A tecnologia, como o Sensio, ajuda a otimizar o tempo de produção e a gestão de estoques através de previsões de demanda e análises de dados. Isso permite uma melhor alocação de recursos e evita faltas e excessos de estoque, melhorando a eficiência e reduzindo custos.

Quais são as melhores práticas para a implementação de soluções 4.0 em uma empresa?

A melhor prática é começar com uma análise das necessidades da empresa e escolher soluções que atendam a esses problemas. Implementar gradualmente, testando em uma linha de produção antes de expandir, pode ajudar a mitigar riscos e demonstrar benefícios. A escolha de tecnologias deve ser baseada na realidade da empresa e na identificação de gargalos.

A transformação digital é essencial para que gestores de indústria se mantenham atualizados com as tecnologias 4.0. No webinar, ficou claro como a digitalização pode otimizar processos, aumentar a produtividade e reduzir custos. Lembre-se de que se adaptar às novas tecnologias é crucial para ser competitivo no mercado atual, e essa mudança pode e deve ser feita gradualmente, permitindo que a empresa incorpore as ações na sua cultura organizacional.

Após assistir à live, você verá como vale a pena explorar mais sobre esse tema.👇